terça-feira, março 14, 2006


Florzinhas

Este é o tempo da delicada doçura. A ironia morreu, o sarcasmo também, e o escárnio já não se está a sentir nada bem. Uma pitada de zombaria e ai! que me foram à honra e consideração e vou já ali apresentar queixa ao magistrado mais próximo para limpar o nome. Os tribunais, essa lixívia da toponímia dos melífluos. Azar que, como habitual nas lixívias, os processos amarelecem. E os nomes ficam um pedaço debotados. Sina de quem tem mais conceito que cintura e menos jogo que toleima.

Tudo isto para dizer que o Vasquinho tem os seus defeitos, pois tem: menos ácido, mais base, era capaz de lhe dar outro sal. Mas tomara quem o alcance nos calcanhares da verve. E uma profissional do alfinete, mesmo que rombo, não deveria saber que quem vai à guerra dá e leva? Ou a parlapatice, sem agudeza nem brilho, impede-a de discorrer?

Acresce que ser apelidada de hipotética e ilegível por VPV é quase um mimo. Imagine-se que, em vez de hipóteses, o homem tinha certezas… ou que havia conseguido ler a colunazinha, apesar de escondida no fardo semanal de pasta de papel. Mais, ser especialista do último escritor inglês com quem se almoçou não é desprimoroso. Ser especialista do último escritor inglês que se almoçou já cairia mal: a cozinha inglesa é muito traiçoeira.

Enfim, tirando a acusação de presuntiva, parece-me que o texto é polido. Mas mesmo isso é capaz de ser deficiência minha, que embirro com derivados de porco. Por outro lado, tenho a sorte de nunca ter sequer ouvido falar na descrição do pôr-do-sol no Cairo, o que me imbui de imensa caridade cristã.